sábado, 17 de setembro de 2011

Ensaio sobre a arte de escrever - Capítulo 1 - O Universo Paralelo.

Escrever é um trabalho de campo no universo do qual se escreverá. Ou seja, é necessário tanto conhecer a atmosfera a qual será escrita, pois a tentativa da escrita literária é de simular a vida real. Estando criada a atmosfera, também é obrigação do autor embarcar no universo criado. Ele (o autor) tem que colar em suas personagens, sentar-se no banco do jardim junto delas e, antes de tudo, sempre estar acompanhado de seu leitor. Trabalho de, literalmente, dar as mãos ao leitor e conduzi-lo neste mundo paralelo.
Umas das técnicas para a criação da atmosfera literária é o domínio do universo das palavras, linguisticamente falando, que serão usadas durante a composição da obra. A criação de persongens que são do convívio popular integra e identifica muito mais o leitor e o faz envolver-se com a história de forma mais intensa.
Por concluir este primeiro capítulo, tratando-se da escrita do ponto de vista da Filosofia Política, escrever não é Trabalho ou Labor. Digo Trabalho como a necessidade biológica da existência, isto é, não-liberdade. A escrita, principalmente a literária, é a condição mais plena de liberdade que um ser humano pode adquirir. Labor no caso de Obra. O produto escrito não é um simples produto e não pode ser caracterizado como tal sem ação sociopolítica. Escrever é a mais verdadeira e prática Ação, ou seja, é o relato da memória, é a ideologia que está acima de qualquer condição biológica e limitada.

Dicas de Leituras:

Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo;
Os miseráveis, de Victor Hugo;
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis;
Esaú e Jacó, de Machado de Assis;
Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade;
Capitães da Areia, de Jorge Amado;
A condição humana, de Hanna Arendt.